Léon Denis é um dos autores espíritas que mais amo. Sua forma poética de escrever acalenta as almas agitadas e garante uma leitura agradável, renovando as esperanças de um futuro melhor, quando nossos olhos se fecharem para este mundo.
“A belíssima mensagem mostra o desprendimento da matéria e a beleza da continuidade da vida que se apresentava ao cintilar das estrelas impassíveis – nada pode prevalecer contra o destino, quando irremediável.”
O livro O Além e a Sobrevivência do Ser, traz descrições e depoimentos sobre fenômenos espíritas, mostrando que a morte é apenas uma porta para o mundo espiritual em que a verdadeira essência de nossos corpos, o espírito, sobrevive e vive no verdadeiro mundo a que pertence. A sobrevivência do ser comprova-se por diversas comunicações em que relatos podem ser certificados por familiares – ou pessoas muito afins – dos comunicantes. Além disso, vê-se com clareza fatos ocorridos de materializações de espíritos já desencarnados ou ainda em estado de vigília.
Um caso bastante curioso sobre aparição de um espírito encarnado, e portanto ainda em estado de vigília, é o do deputado, o major Sir Carne Rachse.
“Os grandes jornais de Londres, o Daily News de 17 de maio de 1905, o Evening News, o Daily Express, o Umpire de 14 de maio, referiram-se à aparição, em plena sessão do parlamento, na Câmara dos Comuns, do fantasma de um deputado, o major Sir Carne Rachse, que se achava preso em casa por uma indisposição. Três outros deputados atestam a realidade desta manifestação.
Assim se exprime a respeito Sir Gilbert Parker, membro daquela Câmara, no jornal Umpire de 14 de maio de 1905, do qual os Anais das Ciências Psíquicas de junho do mesmo ano reproduziram a narração:
“Era meu desejo tomar parte no debate, mas esqueceram-se de chamar-me. Dirigindo-me para a minha cadeira, meus olhos deram com Sir Carne Rachse, sentado perto do lugar que habitualmente ocupava. Sabendo eu que ele estivera doente, fiz-lhe um gesto amistoso, dizendo-lhe: ‘Desejo que esteja melhor.’; mas não obtive nenhum sinal de resposta, o que me espantou. Achei-o muito pálido. Estava assentado, tranqüilo, apoiado em uma das mãos; a expressão da fisionomia era impassível e dura. Detive-me um instante refletindo sobre o que convinha fazer; quando me voltei de novo para Sir Carne, ele desaparecera. Pus-me in continenti à sua procura, contando encontrá-lo no vestíbulo. Lá não se achava; ninguém o vira.”
E o jornal acrescenta:
“O próprio Sir Carne não duvida de que tenha realmente aparecido na Câmara, sob a forma do duplo, preocupado como estava com a idéia de comparecer à sessão para dar o seu voto ao governo.”
Temos ainda o testemunho de dois outros deputados ingleses. “No Daily News de 17 de maio de 1905, Sir Arthur Hayter reforça com o seu depoimento o de Sir Gilbert Parker. Diz Sir Hayter que não só viu Sir Carne Rachse como também chamou a atenção de Sir Campbell Bannerman para a presença daquele deputado.”
O livros nos traz também informação de que várias sentenças ocorreram no séc. XVIII rescindindo contratos de aluguel por causa de assombramentos. Eis um dos relatos –
” O Journal des Débats, em seu número de agosto de 1912, relata o seguinte:
O Sr. J. Deuterlander possui em Chicago, 3.375, South Dakley Avenue, uma casa de aluguel. A comissão encarregada de lançar o imposto predial entendeu dever taxar esse importante imóvel tomando por base um aluguel de 12 mil dólares. O Senhor Deuterlander protestou. Longe de lhe dar lucros, a casa só lhe dava aborrecimentos. Encontrava as maiores dificuldades para alugá-la em conseqüência de ser visitada por almas do outro mundo. Uma senhora ainda jovem lá morrera em condições misteriosas, provavelmente assassinada, e desde então os outros locatários são constantemente despertados por gemidos e gritos. Cansados de suportar esse incômodo, entraram a abandonar o prédio uns após outros. Tal a razão por que o Sr. Deuterlander pedia uma diminuição da taxa. A comissão, depois de examinar o caso, deferiu-lhe o pedido, decidindo reduzir de 12 mil para 8 mil dólares a base para a taxação do imóvel. E assim ficou também oficialmente reconhecida a existência dos fantasmas.”
Algumas escritas mediúnicas e inéditas são relatadas. Uma delas é a do publicista inglês Stead que morreu na catástrofe do Titanic. A sua belíssima mensagem mostra o desprendimento da matéria e a beleza da continuidade da vida que se apresentava ao cintilar das estrelas impassíveis – “nada pode prevalecer contra o destino, quando irremediável“.
Como bem nos diz Denis, “a morte não nos muda e, no Além, somos apenas o que nos tornamos neste mundo. Daí a inferioridade de tantos seres desencarnados.”
À época de Allan Kardec, muitos tentaram mistificar as manifestações. O que de certa forma se tornou interessante para que renomados pesquisadores como William Crookes, pudessem analisar profundamente casos ligados às mais diversas manifestações.
“Os fenômenos físicos: mesas falantes, casas assombradas, eram necessários para atrair a atenção dos homens, ma neles não se deve ver mais do que meios preliminares, um encaminhamento para domínios mais elevados do saber.”
Finalizando seu livro, Léon Denis deixa uma linda mensagem de esperança e fé aos que por algum momento desacreditam da sobrevivência do ser e da oportunidade que temos em evoluir e seguir confiantes de que o Universo nos espera rico de amor e alegrias, para vivenciarmos as mais diferentes experiências na escala evolucional, sendo assim, o veículo inevitável para encontrarmos Deus.
“Aos que percorrerem estas páginas direi, terminando: nos momentos difíceis da vida, na hora das provações, quando perderdes um ente amado, ou quando esperanças de há muito acariciadas vierem a desfazer-se, quando ficardes sem saúde e sentirdes que a vida se vai enfraquecendo aos poucos e aproximando-se o derradeiro minuto, aquele em que tereis de deixar a Terra; se, nesses instantes, a incerteza ou a angústia vos constrangerem o coração, lembrai-vos da voz que hoje vos clama: Sim, há um Além! sim, há outras vidas! Dos nossos sofrimentos, trabalhos e lágrimas nada se perde. Nenhuma provação é inútil, nenhum labor sem proveito, nenhuma dor sem compensação… Tende confiança em vós mesmos, confiança nas forças interiores que possuís, confiança no futuro sem-fim que vos está reservado. Tende a certeza de que há no Universo uma Potência soberana e paternal, que tudo dispôs com ordem, justiça, sabedoria e amor. Essas idéias vos inspirarão mais segurança na vida, mais coragem na prova, mais fé em vossos destinos. E avançareis como passo firme pela estrada infinita que se abre diante de vós.”
E assim finalizo esta resenha, certa de que num universo tão estrelado, um mundo regenerado espera por nós.